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terça-feira, 8 de junho de 2010

Toscana como se deve

Desfrute. Descubra outra forma de visitar a região, mais autêntica e sem pressa. Alugue um quarto - há opções até em castelos - e curta as férias entre parreiras e oliveiras


08 de junho de 2010 3h 51 - Flavia Guerra / FLORENÇA - O Estado de S.Paulo


O relógio marca 5 da tarde na pequena Montespertoli, o sino badala. Da varanda do Castello di Montegufoni se avistam vinhedos que só terminam onde começam os olivais. Para apreciar melhor o pôr do sol da Toscana, enquanto a pasta cozinha até ficar al dente, goles demorados de um autêntico Chianti.

A cena é cinematográfica, mas não impossível. Realizar o sonho do castelo ou da casa própria na Toscana, ainda que por tempo limitado, não é apenas privilégio de ricos e famosos. Uma das mais belas paisagens da Itália, a região já foi cenário de filmes, romances e paixões - atualmente, também acrescenta algum interesse à novela das 8 da Globo.

Famosa por abrigar cidades como Florença, Siena e San Gimignano, se tornou destino mítico nos corações e mentes dos turistas. Espécie de Eldorado renascentista, até pouco tempo só possível de saborear em viagens rápidas e hospedagem em hotéis capazes de atender a uma das maiores demandas do mundo.

Depois que o conceito do agriturismo surgiu, no entanto, tornou-se possível não só viver como um autêntico toscano como também colher uvas, aprender a fabricar azeite, a cozinhar e a pintar como fazem os conterrâneos de Dante. De olho no turista apaixonado pelo céu da Toscana, proprietários de casas, vilas, palazzi e até castelos históricos da região passaram a abrir as portas a um visitante diferente: o slow tourist. Em bom português, aquele que sabe que um bom vinho pode demorar tanto tempo para ficar pronto quanto uma região leva para ser de fato apreciada. Em vez adotar a lógica do "Conheça 15 cidades em 10 dias" e de fotografar as atrações da janela do ônibus, cada vez mais turistas preferem alugar uma autêntica casa toscana e passar dez dias no melhor estilo dolce far niente.

E os brasileiros agora se unem a este exército de "toscanos desde pequenininhos". "Quando abrimos o castelo para o turismo, há cerca de dez anos, a maioria era de ingleses, americanos, alemães... Agora surgem brasileiros. E nós adoramos. São simpáticos, interessados e alegres", conta Guido Posarelli, atual padrone do mítico Castello di Montegufoni, um dos destinos mais belos e ainda inexplorados de uma região que parecia já ter sido vista de todos os ângulos.

Para chegar ao Castello, basta seguir as coordenadas. Localizada a cerca de 30 minutos de Florença, a construção data de 1100 e foi erguida pelos Ormanni, nobres citados por Dante na Divina Comédia. Ao longo dos séculos, mudou de "padroni" algumas vezes. Durante o século 15, foi reformado ao estilo arquitetônico do Palazzio Vecchio de Florença e ganhou a característica "torres quadradas" do Trecento. Ganhou vida nova sob a gestão de Guido, que recebe pessoalmente cada hóspede em companhia de sua noiva, Cristina. "Gosto de conversar, de saber quem são, de onde vêm. Todos os anos um grupo de alemães passa os verões fazendo cursos de pintura aqui. Andam pelo castelo e, no fim da tarde, reúnem-se para mostrar os trabalhos. Em que outro lugar isso acontece?", perguntava Guido enquanto conduzia esta repórter-hóspede ao Teatro.

Al dente. Teatro, aliás, já foi a sala de espetáculo do Castello, mas hoje é um charmoso quarto com mezanino e vista para os verdes campos de limões toscanos. "Se você quiser cozinhar, há um mini mercato perto. Você pode encomendar produtos por telefone e eles entregam aqui. Ou pode jantar no nosso restaurante avarandado." Surpreendente.

Surpresa mesmo é descobrir que o preço médio de um quarto no Montegufoni ou em outra das 600 propriedades da Posarelli Villas não é maior que em muitos quartos standards em hotéis dos rumorosos centros turísticos da Toscana - cerca de 200 por semana, por pessoa. "Mas por que eu nunca fiz isso antes?", você pode pensar. Posarelli explica: "As pessoas têm medo de "ficar por conta própria". Mas alugar uma casa na Toscana é como alugar uma casa na praia no Brasil. Não é difícil."

Difícil mesmo é decidir se é melhor jantar na "varanda própria" ou na do restaurante...

Saiba mais...
Origem do nome: Uma das maiores regiões da Itália em território e habitantes, a população da Toscana é de cerca de 3,6 milhões. Seu nome tem origem antiquíssima e deriva do modo como gregos e latinos chamavam a terra onde os etruscos, em italiano "etruschi", viviam. O termo Etruria se tornou Tuscia e, finalmente, Toscana .
Capital: Localizada no centro da Itália, a capital Florença possuiu hoje cerca de 370 mil habitantes e é considerada o berço do Renascimento. Teve sua época áurea, tanto econômica quanto culturalmente, durante o governo dos Médici, do início do século 15 a meados do 18 .
Clima: De geografia montanhosa, a Toscana tem clima variado, com média de 16 graus na costa e picos de 40 graus no interior, chegando a temperaturas negativas no inverno. Tais características fazem da região destino procurado tanto no verão quanto no inverno, quando a neve cobre suas planícies e montanhas de branco.
Filhos Ilustres: Além de Dante Alighieri, a Toscana é berço de Leonardo Da Vinci (Vinci), Nicolau Maquiavel (Florença), Michelangelo Buonarotti (Caprese Michelangelo), Donatello (Florença), Piero della Francesca (Sansepolcro), Caterina di Médici (nasceu em Florença, mas se tornou rainha da França), entre outros.

sábado, 5 de junho de 2010

Os defensores da biodiversidade

No Dia Mundial do Meio Ambiente, conheça histórias, aventuras e polêmicas de dez pessoas que ajudaram a mudar o destino de espécies animais ameaçadas de extinção em todo o mundo.


04 de junho de 2010

Fernanda Fava e Karina Ninni - especial para O Estado


As Nações Unidas definiram 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade. Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, porém, não há muito a comemorar.
Apesar da meta estabelecida pela Convenção de Diversidade Biológica de cortar significativamente o ritmo da redução de biodiversidade, o relatório mais recente da ONU mostra que o planeta perdeu 30% do estoque de seres vivos existente em 1970.
O documento aponta como ameaçadas de extinção 42% das espécies de anfíbios e 40% das de aves e estima em US$ 2 trilhões a US$ 4,5 trilhões o prejuízo anual com desmatamento.
No Brasil, a União Internacional para Conservação da Natureza calcula que 59 espécies marinhas estão ameaçadas. A situação seria pior, não fosse a ação de dez pessoas dedicadas à conservação de espécies no mundo todo, ouvidas pelo Estado a seguir:
George Schaller: do gorila ao leopardo-das-neves
Paul Watson: o combativo e midiático defensor das baleias
Russell Mittermeier: o Indiana Jones da conservação
Denise Rambaldi: micos-leões quase desapareceram da Mata Atlântica
Jane Goodall: a primeira especialista em chimpanzés
Li Quan: a chinesa que criou projeto milionário de preservação de tigres asiáticos
Lu Zhi: bióloga estuda pandas gigantes na China há 25 anos
Peter Crawshaw Junior: no rastro da onça-pintada
Neiva Guedes: população de araras-azuis se recupera no Pantanal
Vera da Silva: peixe-boi já era superexplorado no Brasil colônia

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Orgânicos conquistam os supermercados

Fernanda Yoneya - O Estado de S.Paulo, 02/06/2010

Sem a figura do atravessador, agricultores orgânicos estão conseguindo colocar seus produtos nas gôndolas de supermercados. A preocupação do grande varejo em aliar consciência social e ambiental a uma melhor qualidade de vida para o consumidor tem estimulado o investimento em marcas próprias e na divulgação dos benefícios desses alimentos, dando visibilidade a produtores de frutas e hortaliças.


O fornecimento direto para o varejo é feito, normalmente, por meio de parcerias com distribuidoras certificadas. "A distribuidora dá assistência técnica, acompanha o cultivo e responsabiliza-se pela compra de 100% da colheita. O agricultor sabe para quem vender", diz o sócio da Rio de Una Alimentos, em São José dos Pinhais (PR), Marco Giotto.

Canal principal. Ex-produtor orgânico, Giotto fundou a Rio de Una, certificada pelo Instituto Biodinâmico (IBD), que hoje conta com 113 agricultores, responsáveis por 450 hectares. O volume de produção é de 400 toneladas de frutas e hortaliças por mês. "Cerca de 60% dessa produção abastece supermercados." Ele diz que os supermercados são o principal canal de comercialização. "As feirinhas orgânicas ainda são pouco representativas do ponto de vista do escoamento da produção", avalia.

As vendas, via distribuidora, normalmente são consignadas e o comprador é exigente. "Não é porque o produto não recebeu agrotóxico que o agricultor pode entregar salada com bicho. Eles cobram qualidade."

A questão logística é outro desafio. "Entregamos de loja em loja, três vezes por semana. Para o produto chegar às gôndolas fresco há um esforço logístico tremendo."

No varejo. No Brasil 90% do consumo é por meio do varejo, diz o produtor Fernando Ataliba, do Sítio Catavento, em Indaiatuba (SP). O sítio possui 36 hectares e há cultivos de mais de 30 itens. Certificado pela Ecocert, escoa 70% da produção - 200 toneladas por ano - via distribuidora, que embala com a marca do varejista e distribui nas lojas. "Varia, mas o produtor fica, em média, com 10% do valor com que o produto chega ao consumidor."

Sem o intermédio de uma distribuidora, o agricultor Joaquim Pires Bueno, de Tietê (SP), negocia diretamente com uma grande rede de supermercados toda a produção de lichia orgânica - 5 toneladas.

"Entrego tudo para o supermercado. Antes vendia via atravessador, mas agora é muito melhor, pois recebo três vezes mais, diz ele, que tem 5 hectares, é certificado pela Fundação Mokiti Okada e cultiva outros 15 itens, como cenoura, abobrinha, ervilha-torta, rabanete e quiabo.

Ele investiu no sítio para se ajustar às exigências do comprador. "Tenho packing house e água de boa qualidade. O cultivo deve seguir uma cartilha de boas práticas de produção. A colheita de hortaliças, por exemplo, deve ser feita no horário certo para garantir a qualidade do produto até o consumidor."

Visibilidade. Para o proprietário da Cio da Terra, em Jarinu (SP), Zuco De Luca, o varejo dá visibilidade aos orgânicos. "Além disso, o agricultor planeja a produção", diz ele, que trabalha com 100 produtores, em 200 hectares. Cerca de 70% das 10 mil bandejas de produtos são destinadas ao varejo.

Os produtores parceiros recebem ainda noções de gestão. "Para atender a uma grande rede, tem de ser profissional, ter os custos no papel", diz o proprietário da Horta & Arte, em São Roque (SP), Luis Carlos Trento. Ex-produtor, ele tem parceria com 40 agricultores, responsáveis pelo cultivo de 200 hectares, com um volume de 100 toneladas de produtos por mês.

O proprietário da Cultivar Orgânicos, em São Roque (SP), Cristiano Nicolau Psillakis, tem 150 produtores parceiros e fornece para o varejo 70 itens. "O varejo exige qualidade, o que estimula a profissionalização do agricultor", defende Psillakis.

PARA LEMBRAR

Produtor deve se adaptar às novas regras

O prazo para os agricultores se adaptarem às novas regras de produção e comercialização de orgânicos termina dia 31 de dezembro. A regularização baseia-se em normas de armazenamento, rotulagem, transporte, certificação e fiscalização. Cumpridas as regras, o produtor receberá o selo do Sistema Brasileiro de Conformidade Orgânica. Mais informações no site www.prefiraorganicos.com.br, do Mapa.